quarta-feira, 25 de março de 2015

@ Portugal Fashion Backstage | Storytailor's








STORYTAILORS
“EL DIABLO, A VELHA MENINA, LA SAYONA DEL E A CABAÇA DELA”

Uma das imagens mais sedutoras e convidativas do inverno é a ideia de uma lareira
reconfortante, onde as labaredas dançam sinuosas, aquecendo-nos quando nos
aproximamos. Aconchegamo-nos à sua volta e deixamo-nos ficar num torpor bom.
Contamos histórias uns aos outros, partilhamos experiências. Conversas longas que
se prolongam ao serão. Histórias curiosas, divertidas, misteriosas,
desconcertantes, assustadoras. Na penumbra, estremecem sombras que desafiam a
nossa imaginação e alteram a nossa perceção do espaço e do tempo.
As primeiras inspirações para a história agora retratada foram outras narrativas
contadas em cenários como este, há uns trinta anos, em Portugal e na Venezuela. Em
Portugal, uma avó alentejana contava ao neto todos os anos três histórias sempre
de seguida e pela mesma ordem: primeiro “As Filhoses de Natal”, depois “A Velha e
a Cabacinha” e, por fim, a “Capuchinha”. O neto via as três narrativas como uma
só, ao ponto de as achar incompletas se contadas umas sem as outras. Na Venezuela,
outro menino ouvia contos da LLorona, da Sayona e do Silbón, autênticas almas
penadas fabulosas que lhe povoavam os sonhos e que se misturavam com figuras das
alegres festividades que conhecia, os “Diablos Danzantes”, muito semelhantes aos
“Caretos” de Trás-Os-Montes. A fusão destas referências foi o ponto de partida
para começarmos esta história surreal.

As silhuetas desta coleção são isso mesmo: recortes, contornos, que se sujeitam à
nossa interpretação e se submetem ao impulso misterioso, que nos enriquece a
perceção com associações insólitas de ideias e sensações. Lãs, pelo, algodão,
neoprene, fibra são alguns materiais utilizados. As matérias-primas tradicionais
portuguesas surgem associadas a materiais tecnológicos. Na paleta cromática,
destaque para o preto. O preto que é o desconhecido, o mistério, o escuro das
noites longas, mas também a proteção, que é o paradoxo de ser todas as cores e
simultaneamente nenhuma. E todos os tons de preto. Atirámos estas achas para a
fogueira da nossa inspiração e esperamos influenciar a imaginação de quem assiste.


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