segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Percurso pedestre Arco da Memória e serra da Lua- Arrimal | Estagio de Técnicos da Escola Nacional de Montanha

Inserido no Estágio de Técnicos da ENM fizemos um dia de caminhada para avaliar alguns parâmetros, sobre horários e graus de dificuldade de um percurso pedestre, fomos dividos em grupos e com e percursos à escolha. O meu grupo escolheu em primeiro lugar o do Arco da Memória, após olhar para as curvas de nível e km optamos por este para iniciar este dia fantástico, tanto para estar com conhecidos como para conhecer novos técnicos....


Este percurso encontra-se em redor da povoação onde uma grande diversidade de aspectos pode ser observada. O bosque de carvalho negral e cerquinho, os matos, a agricultura, os pontos de água, a arquitetura tradicional, o relevo e a compartimentação da paisagem, entre outros. São atrativos do percurso que culmina no Arco da Memória, importante marco divisório das terras atribuídas por D. Afonso Henriques aos Monges de Cister.











Pelo caminho há pontos de interesse a visitar....
Lagoa Pequena: A Lagoa Pequena é um exemplo, dos vários existentes na região, de armazenamento de águas pluviais utilizadas para apoio às antigas populações, como bebedouros para os animais e gado e uso doméstico.
Moinhos: Abonado por este elemento natural, o concelho vê, distribuídos pelo seu território, inúmeros moinhos movidos pelo vento. Verdadeiros engenhos de outrora, desempenhavam um importante papel na vida quotidiana e agrícola dos camponeses. Hoje em dia são, essencialmente um elemento enriquecedor da paisagem.
Arco da Memória: Construído na freguesia de Arrimal pelos monges de Cister para marcar os coutos doados por D. Afonso Henriques, o arco de 4 metros de altura, 3,62 metros de largura e 103 centímetros de espessura mantém-se até aos nossos dias para testemunhar as divisões administrativas de outrora.
Capela do Arrabal: Capela de invocação a S. João Baptista, com festa anual a 24 de junho.


Após a paragem para retemperar as forças ( almoço ) seguimos para o percurso da Serra da Lua
Este percurso torna-se interessante pela presença de uma intervenção escultórica em forma de espiral, inscrita na encosta desta serra ( que por sinal não é visível quando se faz o percurso pedestre ) ou pela Lagoa Pequena onde podemos encontrar a lentilha-de-água e, nas margens, a tábua, que se evidencia pelo porte e pelo aspecto de charuto das suas inflorescências. Quanto à fauna, a rã verde, a salamandra-dos-poços, a cobra-d'água-viperina, a galinha-de-água e o mergulhão pequeno são algumas das espécies mais comuns que podemos encontrar nas lagoas.
Merece, também, destaque a existência de duas espécies de carvalhos: o negral e o cerquinho junto às quais se reúne uma diversidade de avifauna peculiar. O torcicolo, o papa-figos, o chapim-azul, a toutinegra-de-barrete-negro, o pisco-de-peito-ruivo, a felosa-comum, o tentilhão, a tordoveia, o tordo, o gaio, o pica-pau-verde e a carriça são alguns exemplos.
O coberto vegetal que domina as encostas e as cumeadas é consequência do uso intenso do solo, arranque do mato, queimadas e pastoreio. Está dividido por chousos e a comunidade vegetal é dominada por matos baixos acompanhados por uma diversidade considerável de herbáceas nas quais se destacam as orquídeas. Aqui é o reino da gralha-de-bico-vermelho, da laverca, e de algumas aves de rapina, como a águia-cobreira, a águia-de-asa-redonda e o peneireiro-de-dorso-malhado.








Reza a lenda que “Na Serra da Lua existia um único ponto de onde eram observáveis as torres de três igrejas: de Serro Ventoso, da Mendiga e de Monsanto. Segundo a lenda, quando em noites de lua cheia se coloca no local um cincaimão, materializado por corda ou cordel de trovisco ou alfavaca, de modo que três pontas consecutivas daquele símbolo apontem para as três torres, um cabrito de oiro vem aí repousar no seu abrigo subterrâneo. A chegada deste é precedida de uma brisa forte e de uma curta duração. Se o cincaimão estiver corretamente montado e as pessoas não se assustarem, o cabrito não dá pela sua presença e, saltando exatamente para o centro do símbolo, some-se para o seu abrigo.
Da tradição oral recolhe-se ter havido já várias tentativas para o apanhar, todas elas falhadas. Quem algum dia o tentou, sempre foi detetado pelo cabrito, o qual o desmemoriou para que ninguém saiba do seu paradeiro exato. Daí, o dizer-se que quem lá foi soube o caminho da ida mas não o do regresso.” (in “Porto de Mós e seu termo”, António Martins Cancela, 1977).

Mais um fim de semana de aprendizagem e de boa gastronomia, e claro sem faltar é sempre bom rever alguns amigos.

1 comentário:

Maria Manuel Gouveia disse...

Ainda bem que não era de noite, nem estava lua cheia, senão... lá se ía a memória. Foi um belo passeio com um sol radiante. Mané