O humor negro e o sarcasmo de Paul Theroux fazem deste livro uma crítica social aos ex-colonizadores que tentaram passar a sua cultura às ex-colónias, mas que no fundo nunca tentaram nem se interessaram por compreender as gentes e os costumes riquissímos dos nativos destes países.
«Meus senhores e minhas senhoras, bem-vindos ao estranho mundo das viagens por África. Estranho, porque feito de imprevistos e desenrascanços - bem ao gosto português - e de encontros inesperados com pessoas surpreendentes. O autor, um jornalista americano - o que lhe dificulta a viagem nuns caminhos e facilita noutros - propõe-se atravessar o continente africano de Norte a Sul, por terra. Opta pela via terrestre, para lhe dar tempo de ir entranhando o estranho, e deixando-se ser por sua vez assimilado pela terra que o recebe - o deserto, a poeira, o rio castanho, o sol vermelho. Não quer ser turista, quer ser viajante. Um diário de uma viagem com quase 600 páginas tem de ser interessante para ser explorado. E este vale a pena. A acção é a aventura da viagem em si e a descrição de tudo o que chega aos cinco sentidos do viajante e daqueles com quem se cruza. O autor acompanha a sua própria perspectiva com a de outros viajantes que encontra e de figuras famosas (Flaubert, Conrad), a dos homens invasores (turistas e militares) e a dos homens visitados. Nesta viagem ao coração das trevas, Paul Theroux faz uma viagem ao seu próprio coração e convida-nos a explorar esse destino, o mais imprevisível do planeta.»
Ana Vaz Pinto
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